quinta-feira, 30 de novembro de 2017

O comprimido da felicidade - II



São tantas às vezes que, logo após escrever um texto sobre determinada temática, me surge em consulta um caso diretamente relacionado com a mesma. Penso sempre na coincidência que é! Ou então estou eu mesma mais predisposta a acolher aquela informação por ter refletido sobre ela. Wherever!
Ontem, consultas da tarde, primeira consulta. Jovem adulta, recém licenciada, já inserida no mercado de trabalho, curiosamente na área da saúde. Primeira vez numa consulta de psicologia. História de depressão e ansiedade apertadamente diagnosticada por colegas de outras áreas. Medicada para o efeito. Melhoria não significativa. 'Consigo trabalhar e cumprir com os meus deveres. Por vezes consigo até divertir me com qualquer coisa mas não como antes.' Há três anos medicada, não houve qualquer trabalho que incidisse na situação-problema que levou ao quadro diagnosticado. 'Disseram-me para continuar com a medicação e esquecer o resto.' Mas a mágoa, a culpabilização, as frustrações e impulsividade na forma como age em situações semelhantes à situação-problema reconhecida como desencadeadora deste estado mental e psicológico mantêm -se. Porque o tal 'comprimido da felicidade' não existe. Vamos manter a medicação para que esta jovem mulher possa continuar a ser funcional nos contextos em que se move. Mas vamos 'por mãos à obra'. Vamos 'arrumar gavetas' (quem sabe até desarrumar o que está mal arrumado), dar nova interpretações a acontecimentos de vida incompreendidos e até dolorosos, promover a auto-monitorização e delinear e por em pratica formas de comportamento assertivas. Vamos fazer da nossa experiência uma aprendizagem, um exemplo, o trampolim para uma nova fase da vida daquela mulher (e de quem a rodeia). 'É isso que eu quero percebe? Os meus pais não merecem que eu esteja assim!'. Não! Tu não mereces estar assim. Deves querer por ti. Por ti, sempre por ti primeiro!

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