Nem só de pessoas com quadros psicologicamente desadequados é feito o nosso trabalho de psicólogos. Nem sempre há um diagnóstico que exija uma intervenção de índole psicológica. Por vezes, são pessoas normais que nos procuram. Pessoas normalmente preocupadas com a sua performance enquanto pessoas. Enquanto esposas ou maridos, profissionais, filhos ou filhas, mães ou pais... Pessoas sãs que, graças à sua condição de 'humanos', refletem sobre si mesmos e sobre os seus percursos de vida. Que se questionam, que não se acomodam, que ora se culpabilizam ora se orgulham dos caminhos trilhados. Que se confrontam e que pretendem mudar, crescer, desenvolver, melhorar... Ou, outras vezes, pessoas que apenas têm que se apaziguar a si mesmas por terem vivido como viveram. São sempre pessoas que têm de se encontrar consigo mesmas! Por elas próprias. Sempre primeiro por elas. E também pelos seus.
No início da nossa profissão, estes nossos pacientes, clientes, utentes (como quiserem chamar) são 'tempo perdido', os 'culpados' por uma sensação angustiante de 'não fazermos nada' ou de 'não desafio'. 'Apenas' escutamos, enquadramos o discurso da pessoa, promovemos a auto-reflexão sem realmente 'pôr mãos à obra' e delinear um plano de intervenção adequado a um diagnóstico deveras elaborado e digno de um futuro resultado que nos eleve e nos faça 'notados' na carreira. Afinal, eles estão bem. Saudáveis. Ajustados. Por mais que tentemos encontrar um conjunto de sinais ou sintomas suficientemente significativo para o tal quadro de diagnóstico, o que encontramos é ZERO!
Com o passar do tempo, com a experiência e amadurecimento (pessoal e profissional) o face to face com este tipo de pacientes torna se a nossa 'lufada de ar fresco', o nosso apaziguamento interior e a certeza de que há por aí gente feliz e saudável. Simbolizam a esperança tal como aqueles que um dia se despedem de nós porque superaram os seus desafios. E já não precisam do 'psicólogo '.
Obrigada a todos eles. A vocês que sabem quem são!
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