A vida profissional de um psicólogo que exerce clínica tende a ser rica, variada, dinâmica. Isto porque o seu quotidiano está repleto de histórias de vida, estados emocionais e psicológicos descritos como não saudáveis e perturbadores (e também normais e ajustados) e quadros clínicos avaliados como disfuncionais ou funcionais.
Poderia abordar um sem número de psicopatologias, situações problema... Porém, optei por começar por escrever sobre um problema e quadro que já há um bom par de anos me é recorrente no consultório: o ataque de pânico e a perturbação de ansiedade.
Já perdi a conta do número de vezes que ouvi 'parece que vou morrer', 'parece que o meu coração vai rebentar', 'parece que vou ter um ataque cardíaco', 'não consigo controlar', 'perco as forças', 'já fui parar ao hospital e venho de lá como se nada tivesse acontecido'. Tonturas, má disposição gastrointestinal, tremores, perda de visão e sensibilidade tátil, dificuldade em respirar são outros sinais e sintomas assinalados por quem passa por este tipo de situação. Estes desabafos já vi virem de crianças com nove e dez anos, jovens adolescentes e jovens adultos e pessoas com idade para serem pais e até avós daqueles. Ou seja, todos sentem de modo semelhante o(s) episódio(s) e descrevem-no(s) também de forma equivalente.
É igualmente comum que já tenham ocorrido episódios diversos. Nunca tive a 'sorte' de receber alguém com um só episódio de ataque de pânico. Só quando se tornam recorrentes é que se tornam problema. Só quando começam a ser mais intensos e / ou mais generalizados no que toca a momentos do dia a dia da pessoa é que está (ou quem convive com ela) começa a pensar em pedir ajuda. E pede habitualmente quando os episódios ( já com um historial que nos permite falar em perturbação de ansiedade) tornam a vida daquela pessoa, parcial ou totalmente disfuncional.
É importante intervir. É importante compreender a emergência do primeiro episódio, seja quanto à situação específica em que surgiu bem como as circunstancias de vida que o envolveram. Identificar situações em que voltaram a acontecer. Periodicidade, frequência, duração. E que sinais, sintomas e respostas emocionais, cognitivo e comportamentais emergem atualmente? É fundamental conhecer as nossas forças e fragilidades e aceitar ajuda para superar quer as dificuldades que estão na origem deste quadro bem como aquelas que resultam do mesmo.
É importante saber que o ataque de pânico não mata! Que não estamos sozinhos e que muitas pessoas podem ja orgulharem se de pequenos grandes passos que deram na sua recuperação. Um bem haja a si que voltou a conduzir (e o evitava), que voltou a passar por locais que deixara de visitar, que já não se importa de estar entre multidões, que já sai de casa com verdadeira sensação de bem estar (quando antes, sair era um problema só de pensar).
quarta-feira, 1 de novembro de 2017
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
0 comentários:
Enviar um comentário