"... o pouco tempo passado entre pais e filhos e a falta de tempo para brincar como maiores causadores de infelicidade." in notícias magazine (Novembro 2017)
'É o primeiro a chegar e o último a sair!' - ouvi há poucos dias, dito por uma mãe de um colega do meu filho mais novo quando o fui levar à escola. Nesse dia mais cedo do que o normal por ter consultas a começar também mais cedo! Arrepiei-me! Que sortuda sou, pensei eu! Tive a oportunidade e liberdade de escolher reduzir o meu horário laboral para poder desfrutar um pouco mais do crescimento dos meus filhos. Doí-me pensar na eventualidade de ir buscá-los à escola só para dar banho, o jantar e deitar.
Apercebo-me nas consultas da infância e adolescência, que poucas são as famílias que têm tempo de qualidade com os seus. Por força das exigências da sociedade atual, dos locais de trabalho, das ambições e prioridades familiares e expectativas dos pais (às vezes por influencia de outros) em relação aos próprios filhos, entre outros factores... É comum receber crianças e adolescentes com uma agenda semanal bem mais preenchida do que a minha. Com muito pouco tempo livre. Têm a escola, os trabalhos da escola, as explicações (a todas as disciplinas!) ou o apoio ao estudo, as actividades extra curriculares dentro e fora da escola, a catequese, as provas, campeonatos, concentrações ou sei lá mais o quê das actividades desportivas e/ou intelectuais com que ocupam o que antes era tempo livre...
'Então e quando estás com a mãe e com o pai?' 'Quando não tenho treino estamos juntos ao jantar. Mas às vezes o pai também trabalha à noite e portanto é só com a mãe. Ou então ao domingo quando não tenho jogo. E quando não tenho que estudar para testes.'. Estas são respostas típicas das crianças e jovens adolescentes que recebo nas consultas. Pergunto. E onde fica a família? Onde fica o estar com a mãe, com o pai, com o mano ou mana? Onde fica o conviver sem data e hora marcada. O estar com só porque sim. O estarmos juntos sem planos, sem tarefas. O estar sem fazer nada ou fazendo o que nos apetece. O saber estar sem fazer nada...
Seremos mais felizes ocupados? Serão as nossas crianças mais felizes, saudáveis e capazes por estarem confinadas a organizações, timmings, treinos e objetivos formalmente delineados? Seremos todos (humanos, adultos e crianças, famílias e sociedade) mais felizes no futuro pelo nosso investimento presente?
Os estudos dizem que não! O número crescente de crianças, adolescentes e famílias em consultas de psicologia e outras áreas da saúde dizem que não! Então, por que esperamos nós?
quarta-feira, 22 de novembro de 2017
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