sexta-feira, 20 de abril de 2018

'Todos diferentes, todos iguais!' Será?!



Na nossa comunidade, nas escolas, em consultas de diversas especialidades o habitual é ouvir-se 'tenho um filho diferente'. E a diferença ou o motivo porque um filho é chamado de 'especial' é o que é motivo da conversa para tanta gente como nós. Porém, é raro ouvirmos e falarmos de quem tem antes 'um pai especial'. A. é filha de um pai dito 'especial'. Tem apenas 8 anos. O que para A. sempre foi 'normal' passou a questionável quando entrou para a escola primária. Porque o pai dos outros meninos 'não é igual ao meu'. 'Os meninos têm medo do papá'. O pai de A. apresenta um conjunto de lesões cerebrais e consequentemente funcionais decorrentes de um tumor cerebral contra o qual lutou e saiu vitorioso mas com mazelas. Paralisia facial, perturbações da linguagem e de comunicação e dificuldade na execução de pequenas tarefas do dia a dia pautam o quotidiano deste pai desde que a filha tinha meio ano. A. não recorda o pai de outro modo. Sempre o conheceu como ele é hoje. Mas crescer e integrar um novo contexto de socialização fez com que se deparasse com dúvidas e dificuldades. Nota-se alguma baixa auto-estima, isolamento no recreio e ansiedade crescente na relação com os seus pares. Nas últimas semanas, quando abordada sobre a situação do seu pai manifesta alguma agressividade. 


Não é o trabalho a fazer-se com esta menina que aqui quero destacar. Não com ela, com o seu pai ou família. Mas sim o trabalho a fazer-se entre nós, cidadãos, pais, educadores e respetivas crianças. É urgente criar e educar uma comunidade inclusiva! E aí sim, poderemos falar de escolas inclusivas, turmas inclusivas em que nenhuma criança será apontada ora por ser 'diferente', ora por ter uma mãe ou pai visto como diferente. Porque todos o são! 
A., tens um pai vitorioso! Parabéns!

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