sábado, 9 de dezembro de 2017

'O teu filho já devia...' - ignorar é preciso





O aconselhamento parental é uma atividade frequente na vida de um psicólogo. Os bebés (e eu diria até crianças e adolescentes!) não vêm com livro de instruções e apesar de vivermos numa época de fácil acesso a informação não é assim tão fácil 'descortinar' o certo do errado, a verdade da mentira!

'Todos me dizem que já devia falar. Faz se entender somente por gestos. Emite sons que nós, pais e família mais próxima percebemos mas quem é de fora não... Tem algum problema?'. Isto, dito pela mãe de C., 2 anos e três meses, filha primeira e única de um casal sempre atento e pronto a ajudar no desenvolvimento e crescimento são da pequena.

A estes e outros pais a minha resposta é CALMA! É certo que existem timmings esperados para as conquistas das nossas crianças. Mas estas balizas etárias não são estanques. Espera-se, por exemplo, que até aos três anos de idade as crianças falem fluentemente e de modo perceptível para todos. Mas se porventura nessa idade a crianca demonstrar alguma dificuldade na construção frasica, na pronúncia de algumas palavras, devemos sempre ter em conta os contextos, o temperamento, as influências e outros factores que afetam a criança. Se a criança se apercebe que é compreendida por quem cuida dela sente que não precisa de se esforçar para exprimir -se melhor. Também se há tendência da família para lhe falar de modo infantil ou 'abebézado', a criança tende a atrasar um pouco o desabrochar desta competência. Não havendo nenhum entrave biofisiologico, a minha sugestão é não sofrer antecipadamente. Vamos aguardar e desfrutar do momento, tal e qual como eles são. Haverá um dia em que ao olhar para trás vamos sentir saudades de quando eles eram tão bebés  ainda... e nós, pais, excessivamente preocupados com o que viria a seguir e que (comparando com outros ou segundo os dizeres de outros) já deveria ter emergido.

Vale para o nascer dos dentes, o sentar, o gatinhar e o caminhar, o falar, o deixar a fralda, a chupeta, a mama, o urso de peluche que o acompanha à hora da birra...

Cada um com o seu ritmo, a sua individualidade. Por favor, respeito por estes pequenos conquistadores e pelos seus pais também!


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