Há uns anos, não consigo precisar exatamente quantos, recebi em consulta uma paciente 'especial'. Uma psicóloga, uma colega. Marcou ela própria a sua consulta, compareceu ainda que me tenha confessado ter pensado diversas vezes em desistir e, mal entrou no consultório (inquieta, sem jeito e um semi sorriso) disse o seu nome e 'também sou psicóloga'.
Todo um conjunto de problemas pessoais a desestabilizava naquela fase da vida e por isso procurava algum tipo de ajuda. Duvidava, no entanto que a pudesse ajudar pois acreditava conhecer tudo quanto ali se iria passar... Não houve tempo para descobrir se teria razão. Não voltou. Mas despertou-me para algo que volta e meia surge na vida de um psicólogo: às vezes o nosso chão também nos foge. Tal como um médico também não está imune de ficar doente, também nós por vezes nos deparamos com situações difíceis e nem sempre lidamos com aquelas da forma mais adaptada. Precisamos de ajuda. E é importante ser humilde o suficiente para a procurar.
'Então não és psicóloga? Tens que...' Pfffffff, quantas vezes ouvimos isto?! Tão ingrato! Como se para se ser bom profissional, o psicólogo tivesse que deixar de ser humano.
2 comentários:
Que bom fazeres está fantástica partilha! É uma dádiva de valor acrescentado vinha de uma profissional como tu. Gostei....bué! Continua!
Obrigada pelo elogio! Dá ainda mais animo para continuar! Beijo grande
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