terça-feira, 12 de dezembro de 2017

A casa da mãe, a casa do pai - um tema antigo e sempre atual


Depois de uma consulta com J. (7 anos) recordei F. (6 anos). Histórias semelhantes. Filhos únicos. Filhos de pais separados. Pais que conseguem relacionar- se simpaticamente 'para bem do nosso filho'. Separações dolorosas ainda assim. Dolorosas para todos. Para as crianças também. J. tinha 6 anos quando a sua família se transformou. F. 4 anos. Perceberam as transformações de modo diferente pela idade que tinham aquando os acontecimentos.

J. veio à consulta com os pais. Manifesta ansiedade, problemas de sono, alguma irritabilidade/agressividade e falta de concentração na escola. Há cerca de três meses... Desde então a família procura cumprir o estipulado pelo tribunal  no que toca à custódia do pequeno. Uma semana na 'casa da mãe, uma semana na minha'. 'Só queremos que ele se sinta bem. Achamos ser esta a melhor maneira de ele se sentir em casa. E ter tempo com ambos da mesma forma...' diz a mãe, algo chorosa.

Na verdade, J. tinha como sua casa apenas uma das casas. Era lá que se sentia 'à vontade', onde gostava de brincar com os seus brinquedos e onde se sentia seguro para dormir. Gostava de ir para a outra casa. Mas não para ficar. Para dormir. 'Ainda por cima uma semana inteira! Fico com dores aqui', diz-me enquanto encosta a mão em punho contra o estômago. 

O que acontece de diferente com F? F. tem a sorte de não ter que sair da sua casa, das suas coisas, da sua rotina. São os pais que saem, alternadamente a cada semana. Ora é a mãe que vai uns dias par casa dos avós de F., ora é o pai que passa a semana noutro 'pequeno apartamento que aluguei'. Quando me procuraram iniciavam esta nova forma de vida (depois de tentarem algo semelhante ao que tentam agora os pais de J.) e queriam ouvir opiniões. Já tinham abordado advogados, pediatra, a educadora do pequeno e agora questionavam-me. Havendo a possibilidade, tudo era uma questão de tentarem e verem como funcionaria. Sendo que sublinhei a importância de pensarem no futuro. Em futuras relações, por exemplo.  Nas consequências que esta nova forma de vida poderia trazer para todos. Não seria adiar uma dificuldade apesar de uma maior estabilidade naquele momento?

Os pais de F. seguiram em frente com esta sua ideia e sei que ainda hoje se mantém, com sucesso. Mesmo havendo agora novos elementos da família por parte do pai (a namorada deste e filha desta). Até à data conseguem manter funcional esta forma de vida que muito procuraram para garantir o maior bem estar possível do seu filho. 

Também os pais de J. encontrarão a melhor maneira de ajudá-lo a superar os receios, medos, inseguranças e frustrações. Encontrarão a melhor maneira para que J. se adapte a uma nova etapa da sua vida, na qual mãe e pai já não são casal nem habitam juntos com ele. 



sábado, 9 de dezembro de 2017

'O teu filho já devia...' - ignorar é preciso





O aconselhamento parental é uma atividade frequente na vida de um psicólogo. Os bebés (e eu diria até crianças e adolescentes!) não vêm com livro de instruções e apesar de vivermos numa época de fácil acesso a informação não é assim tão fácil 'descortinar' o certo do errado, a verdade da mentira!

'Todos me dizem que já devia falar. Faz se entender somente por gestos. Emite sons que nós, pais e família mais próxima percebemos mas quem é de fora não... Tem algum problema?'. Isto, dito pela mãe de C., 2 anos e três meses, filha primeira e única de um casal sempre atento e pronto a ajudar no desenvolvimento e crescimento são da pequena.

A estes e outros pais a minha resposta é CALMA! É certo que existem timmings esperados para as conquistas das nossas crianças. Mas estas balizas etárias não são estanques. Espera-se, por exemplo, que até aos três anos de idade as crianças falem fluentemente e de modo perceptível para todos. Mas se porventura nessa idade a crianca demonstrar alguma dificuldade na construção frasica, na pronúncia de algumas palavras, devemos sempre ter em conta os contextos, o temperamento, as influências e outros factores que afetam a criança. Se a criança se apercebe que é compreendida por quem cuida dela sente que não precisa de se esforçar para exprimir -se melhor. Também se há tendência da família para lhe falar de modo infantil ou 'abebézado', a criança tende a atrasar um pouco o desabrochar desta competência. Não havendo nenhum entrave biofisiologico, a minha sugestão é não sofrer antecipadamente. Vamos aguardar e desfrutar do momento, tal e qual como eles são. Haverá um dia em que ao olhar para trás vamos sentir saudades de quando eles eram tão bebés  ainda... e nós, pais, excessivamente preocupados com o que viria a seguir e que (comparando com outros ou segundo os dizeres de outros) já deveria ter emergido.

Vale para o nascer dos dentes, o sentar, o gatinhar e o caminhar, o falar, o deixar a fralda, a chupeta, a mama, o urso de peluche que o acompanha à hora da birra...

Cada um com o seu ritmo, a sua individualidade. Por favor, respeito por estes pequenos conquistadores e pelos seus pais também!


quinta-feira, 30 de novembro de 2017

O comprimido da felicidade - II



São tantas às vezes que, logo após escrever um texto sobre determinada temática, me surge em consulta um caso diretamente relacionado com a mesma. Penso sempre na coincidência que é! Ou então estou eu mesma mais predisposta a acolher aquela informação por ter refletido sobre ela. Wherever!
Ontem, consultas da tarde, primeira consulta. Jovem adulta, recém licenciada, já inserida no mercado de trabalho, curiosamente na área da saúde. Primeira vez numa consulta de psicologia. História de depressão e ansiedade apertadamente diagnosticada por colegas de outras áreas. Medicada para o efeito. Melhoria não significativa. 'Consigo trabalhar e cumprir com os meus deveres. Por vezes consigo até divertir me com qualquer coisa mas não como antes.' Há três anos medicada, não houve qualquer trabalho que incidisse na situação-problema que levou ao quadro diagnosticado. 'Disseram-me para continuar com a medicação e esquecer o resto.' Mas a mágoa, a culpabilização, as frustrações e impulsividade na forma como age em situações semelhantes à situação-problema reconhecida como desencadeadora deste estado mental e psicológico mantêm -se. Porque o tal 'comprimido da felicidade' não existe. Vamos manter a medicação para que esta jovem mulher possa continuar a ser funcional nos contextos em que se move. Mas vamos 'por mãos à obra'. Vamos 'arrumar gavetas' (quem sabe até desarrumar o que está mal arrumado), dar nova interpretações a acontecimentos de vida incompreendidos e até dolorosos, promover a auto-monitorização e delinear e por em pratica formas de comportamento assertivas. Vamos fazer da nossa experiência uma aprendizagem, um exemplo, o trampolim para uma nova fase da vida daquela mulher (e de quem a rodeia). 'É isso que eu quero percebe? Os meus pais não merecem que eu esteja assim!'. Não! Tu não mereces estar assim. Deves querer por ti. Por ti, sempre por ti primeiro!

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

O comprimido da 'felicidade' - I



O tema é antigo, tal como a discussão sobre o mesmo. Seja entre doentes, entre profissionais ou entre doentes e profissionais. Não raras vezes surge a velha questão de tomar ou não tomar medicação para controlar e/ou curar a doença mental.
Não raras vezes também sou questionada em consulta sobre isso. Ou até 'informada' da decisão de alguns pacientes em jamais 'ser encharcado em medicamentos' ou 'preferir ser medicado para que esta tristeza passe de uma só vez'.
Clichés à parte, cada caso deve ser avaliado com a devida atenção. Não há uma orientação única e o procedimento difere consoante o diagnostico definido. A medicação serve para estabilizar o que bioquimicamente pode estar em desequilíbrio e, consequentemente, a proporcionar sensações desagradáveis e até pensamentos e comportamentos desajustados. Porém, em muitos casos são formas erradas de pensar que levam a uma inadequada interpretação de sinais e sintomas, que os propiciam e que suscitam comportamentos não funcionais. Este processo requer muito mais que um comprimido. Este poderá ser uma mais valia para aliviar o sintoma e dar à pessoa a disponibilidade para 'olhar' para si, para a situação e aprender uma nova maneira de pensar, sentir e viver.



sábado, 25 de novembro de 2017

A mim, psicólogo, o chão também me foge!




Há uns anos, não consigo precisar exatamente quantos, recebi em consulta uma paciente 'especial'. Uma psicóloga, uma colega. Marcou ela própria a sua consulta, compareceu ainda que me tenha confessado ter pensado diversas vezes em desistir e, mal entrou no consultório (inquieta, sem jeito e um semi sorriso) disse o seu nome e 'também sou psicóloga'.  

Todo um conjunto de problemas pessoais a desestabilizava naquela fase da vida e por isso procurava algum tipo de ajuda. Duvidava, no entanto que a pudesse ajudar pois acreditava conhecer tudo quanto ali se iria passar... Não houve tempo para descobrir se teria razão. Não voltou. Mas despertou-me para algo que volta e meia surge na vida de um psicólogo: às vezes o nosso chão também nos foge. Tal como um médico também não está imune de ficar doente, também nós por vezes nos deparamos com situações difíceis e nem sempre lidamos com aquelas da forma mais adaptada. Precisamos de ajuda. E é importante ser humilde o suficiente para a procurar.

 'Então não és psicóloga? Tens que...' Pfffffff, quantas vezes ouvimos isto?! Tão ingrato! Como se para se ser bom profissional, o psicólogo tivesse que deixar de ser humano. 

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

De médico e louco todos temos um pouco!

Nem só de pessoas com quadros psicologicamente desadequados é feito o nosso trabalho de psicólogos. Nem sempre há um diagnóstico que exija uma intervenção de índole psicológica. Por vezes, são pessoas normais que nos procuram. Pessoas normalmente preocupadas com a sua performance enquanto pessoas. Enquanto esposas ou maridos, profissionais, filhos ou filhas, mães ou pais... Pessoas sãs que, graças à sua condição de 'humanos', refletem sobre si mesmos e sobre os seus percursos de vida. Que se questionam, que não se acomodam, que ora se culpabilizam ora se orgulham dos caminhos trilhados. Que se confrontam e que pretendem mudar, crescer, desenvolver, melhorar... Ou, outras vezes, pessoas que apenas têm que se apaziguar a si mesmas por terem vivido como viveram. São sempre pessoas que têm de se encontrar consigo mesmas! Por elas próprias. Sempre primeiro por elas. E também pelos seus.

No início da nossa profissão, estes nossos pacientes, clientes, utentes (como quiserem chamar) são 'tempo perdido', os 'culpados' por uma sensação angustiante de 'não fazermos nada' ou de 'não desafio'. 'Apenas' escutamos, enquadramos o discurso da pessoa, promovemos a auto-reflexão sem realmente 'pôr mãos à obra' e delinear um plano de intervenção adequado a um diagnóstico deveras elaborado e digno de um futuro resultado que nos eleve e nos faça 'notados' na carreira. Afinal, eles estão bem. Saudáveis. Ajustados. Por mais que tentemos encontrar um conjunto de sinais ou sintomas suficientemente significativo para o tal quadro de diagnóstico, o que encontramos é ZERO! 

Com o passar do tempo, com a experiência e amadurecimento (pessoal e profissional) o face to face com este tipo de pacientes torna se a nossa 'lufada de ar fresco', o nosso apaziguamento interior e a certeza de que há por aí gente feliz e saudável. Simbolizam a esperança tal como aqueles que um dia se despedem de nós porque superaram os seus desafios. E já não precisam do 'psicólogo '.

Obrigada a todos eles. A vocês que sabem quem são!



quarta-feira, 22 de novembro de 2017

'Run Forrest Run' - a vida socialmente (e não só) agitada dos nossos pequenos!

"... o pouco tempo passado entre pais e filhos e a falta de tempo para brincar como maiores causadores de infelicidade." in notícias magazine (Novembro 2017)

'É o primeiro a chegar e o último a sair!' - ouvi há poucos dias, dito por uma mãe de um colega do meu filho mais novo quando o fui levar à escola. Nesse dia mais cedo do que o normal por ter consultas a começar também mais cedo! Arrepiei-me! Que sortuda sou, pensei eu! Tive a oportunidade e liberdade de escolher reduzir o meu horário laboral para poder desfrutar um pouco mais do crescimento dos meus filhos. Doí-me pensar na eventualidade de ir buscá-los à escola só para dar banho, o jantar e deitar.

Apercebo-me nas consultas da infância e adolescência, que poucas são as famílias que têm tempo de qualidade com os seus. Por força das exigências da sociedade atual, dos locais de trabalho, das ambições e prioridades familiares e expectativas dos pais (às vezes por influencia de outros) em relação aos próprios filhos, entre outros factores... É comum receber crianças e adolescentes com uma agenda semanal bem mais preenchida do que a minha. Com muito pouco tempo livre. Têm a escola, os trabalhos da escola, as explicações (a todas as disciplinas!) ou o apoio ao estudo, as actividades extra curriculares dentro e fora da escola, a catequese, as provas, campeonatos, concentrações ou sei lá mais o quê das actividades desportivas e/ou intelectuais com que ocupam o que antes era tempo livre...

'Então e quando estás com a mãe e com o pai?' 'Quando não tenho treino estamos juntos ao jantar. Mas às vezes o pai também trabalha à noite e portanto é só com a mãe. Ou então ao domingo quando não tenho jogo. E quando não tenho que estudar para testes.'. Estas são respostas típicas das crianças e jovens adolescentes que recebo nas consultas. Pergunto. E onde fica a família? Onde fica o estar com a mãe, com o pai, com o mano ou mana? Onde fica o conviver sem data e hora marcada. O estar com só porque sim. O estarmos juntos sem planos, sem tarefas. O estar sem fazer nada ou fazendo o que nos apetece. O saber estar sem fazer nada...

Seremos mais felizes ocupados? Serão as nossas crianças mais felizes, saudáveis e capazes por estarem confinadas a organizações, timmings, treinos e objetivos formalmente delineados? Seremos todos (humanos, adultos e crianças, famílias e sociedade) mais felizes no futuro pelo nosso investimento presente?

Os estudos dizem que não! O número crescente de crianças, adolescentes e famílias em consultas de psicologia e outras áreas da saúde dizem que não! Então, por que esperamos nós?

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

'Nao me sai da cabeça...' - a obsessão e a compulsão simplificada (I)


Viver com pensamentos recorrentes, incomodativos e causadores de ansiedade não é viver com sentido. É viver disfuncionalmente. Viver agindo para nos livrarmos daqueles pensamentos, daquelas sensações desagradáveis que aqueles causam, da ansiedade que se gera por estarmos sempre com ideias que nos parecem disparatadas mas que teimam em não sair a não ser que passemos à ação não faz sentido quando existe quem nos ajuda. Quando existe solução. Quando existem formas saudáveis de nos tornarmos mentalmente e, por consequencia, comportamentalmente sãos.

Pouco importa a natureza dos pensamentos. A obsessão por comer, por limpar, por cumprir determinados actos de higiene, repetir certos movimentos... Tantos poderia mencionar. São inumeráveis. Mas o processo de reconhecimento de que temos um problema é que precisamos de ajuda é o mesmo.

M., 22 anos, estudante universitária. Vem à consulta por iniciativa própria pois depara se há alguns anos com uma situação do âmbito deste texto. Sempre que tem de sair de casa e já está pronta pensa repetidamente em todo um conjunto de rituais que sente que tem de cumprir para que tudo corra bem durante o seu dia. Se não fechar todas as janelas, persianas (com um certo número de frinchas visíveis), a cama feita, a roupa arrumada, os produtos do frigorífico devidamente organizados dentro deste, a loica lavada e já arrumada nos armários devidos, M. acredita que o dia vai 'ser cinzento'. 'A verdade é que corre mesmo mal. Já testei. Não consigo.', desabafa. Agora que vive sozinha (na cidade onde estuda) a vida 'complicou-se'. 'Ou levanto-me ainda mais cedo do que necessário ou chego atrasada. Não maioria das vezes acabo mesmo por faltar às aulas ou a outros compromissos.' Efectivamente M. chegou 20 minutos atrasada à consulta. Tinha vindo de casa e não conseguiu sair sem cumprir com o que teimava em não sair da cabeça. Arrumou a 'cabeça' determinada a mudar a forma de pensar e agir. A esforçar-se diariamente para não ser 'escrava de si mesma' e viver de forma mais tranquila.

É por aí? Preparado para o caminho? Preparado para 'viver com sentidos'?
Por aqui, preparados para acolher a vossa história e acompanhar a vossa melhoria!


quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Tristezas de inverno



Com o cair da folha, mudança de hora e o precoce anoitecer (já para não falar do recente final de férias) chegam, para muitos, dias mais difíceis, jornadas mais pesadas e tristezas mais 'sentidas'.

A culpa não é do tempo. É da aprendizagem inconsciente que fizemos sobre a influência que ele tem em nós. Habituámo-nos à ideia de que o bom tempo nos faz mais felizes e que o mau tempo nos prejudica. Não tem que ser assim. Temos que ser nós a pensar de uma nova forma, a reaprender novas associações, a ver neste período de tempo novas oportunidades e a exigir de nós mesmos a capacidade de delinear novos objetivos e atividades para esse timming.

Vamos ser felizes? Como?
Aceitam se sugestões para o lema viva com 'sentidos'!

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

As famosas 'crises de ansiedade'

A vida profissional de um psicólogo que exerce clínica tende a ser rica, variada, dinâmica. Isto porque o seu quotidiano está repleto de histórias de vida, estados emocionais e psicológicos descritos como não saudáveis e perturbadores (e também normais e ajustados) e quadros clínicos avaliados como disfuncionais ou funcionais.

Poderia abordar um sem número de psicopatologias, situações problema... Porém, optei por começar por escrever sobre um problema e quadro que já há um bom par de anos me é recorrente no consultório: o ataque de pânico e a perturbação de ansiedade.

Já perdi a conta do número de vezes que ouvi 'parece que vou morrer', 'parece que o meu coração vai rebentar', 'parece que vou ter um ataque cardíaco', 'não consigo controlar', 'perco as forças', 'já fui parar ao hospital e venho de lá como se nada tivesse acontecido'. Tonturas, má disposição gastrointestinal, tremores, perda de visão e sensibilidade tátil, dificuldade em respirar são outros sinais e sintomas assinalados por quem passa por este tipo de situação. Estes desabafos já vi virem de crianças com nove e dez anos, jovens adolescentes e jovens adultos e pessoas com idade para serem pais e até avós daqueles. Ou seja, todos sentem de modo semelhante o(s) episódio(s) e descrevem-no(s) também de forma equivalente.

É igualmente comum que já tenham ocorrido episódios diversos. Nunca tive a 'sorte' de receber alguém com um só episódio de ataque de pânico. Só quando se tornam recorrentes é que se tornam problema. Só quando começam a ser mais intensos e / ou mais generalizados no que toca a momentos do dia a dia da pessoa é que está (ou quem convive com ela) começa a pensar em pedir ajuda. E pede habitualmente quando os episódios ( já com um historial que nos permite falar em perturbação de ansiedade) tornam a vida daquela pessoa, parcial ou totalmente disfuncional.

É importante intervir. É importante compreender a emergência do primeiro episódio, seja quanto à situação específica em que surgiu bem como as circunstancias de vida que o envolveram. Identificar situações em que voltaram a acontecer. Periodicidade, frequência, duração. E que sinais, sintomas e respostas emocionais, cognitivo e comportamentais emergem atualmente? É fundamental conhecer as nossas forças e fragilidades e aceitar ajuda para superar quer as dificuldades que estão na origem deste quadro bem como aquelas que resultam do mesmo.

É importante saber que o ataque de pânico não mata! Que não estamos sozinhos e que muitas pessoas  podem ja orgulharem se de pequenos grandes passos que deram na sua recuperação. Um bem haja a si que voltou a conduzir (e o evitava), que voltou a passar por locais que deixara de visitar, que já não se importa de estar entre multidões, que já sai de casa com verdadeira sensação de bem estar (quando antes, sair era um problema só de pensar).