Ontem, consultas da tarde, primeira consulta. Jovem adulta, recém licenciada, já inserida no mercado de trabalho, curiosamente na área da saúde. Primeira vez numa consulta de psicologia. História de depressão e ansiedade apertadamente diagnosticada por colegas de outras áreas. Medicada para o efeito. Melhoria não significativa. 'Consigo trabalhar e cumprir com os meus deveres. Por vezes consigo até divertir me com qualquer coisa mas não como antes.' Há três anos medicada, não houve qualquer trabalho que incidisse na situação-problema que levou ao quadro diagnosticado. 'Disseram-me para continuar com a medicação e esquecer o resto.' Mas a mágoa, a culpabilização, as frustrações e impulsividade na forma como age em situações semelhantes à situação-problema reconhecida como desencadeadora deste estado mental e psicológico mantêm -se. Porque o tal 'comprimido da felicidade' não existe. Vamos manter a medicação para que esta jovem mulher possa continuar a ser funcional nos contextos em que se move. Mas vamos 'por mãos à obra'. Vamos 'arrumar gavetas' (quem sabe até desarrumar o que está mal arrumado), dar nova interpretações a acontecimentos de vida incompreendidos e até dolorosos, promover a auto-monitorização e delinear e por em pratica formas de comportamento assertivas. Vamos fazer da nossa experiência uma aprendizagem, um exemplo, o trampolim para uma nova fase da vida daquela mulher (e de quem a rodeia). 'É isso que eu quero percebe? Os meus pais não merecem que eu esteja assim!'. Não! Tu não mereces estar assim. Deves querer por ti. Por ti, sempre por ti primeiro!
O comprimido da felicidade - II
Ontem, consultas da tarde, primeira consulta. Jovem adulta, recém licenciada, já inserida no mercado de trabalho, curiosamente na área da saúde. Primeira vez numa consulta de psicologia. História de depressão e ansiedade apertadamente diagnosticada por colegas de outras áreas. Medicada para o efeito. Melhoria não significativa. 'Consigo trabalhar e cumprir com os meus deveres. Por vezes consigo até divertir me com qualquer coisa mas não como antes.' Há três anos medicada, não houve qualquer trabalho que incidisse na situação-problema que levou ao quadro diagnosticado. 'Disseram-me para continuar com a medicação e esquecer o resto.' Mas a mágoa, a culpabilização, as frustrações e impulsividade na forma como age em situações semelhantes à situação-problema reconhecida como desencadeadora deste estado mental e psicológico mantêm -se. Porque o tal 'comprimido da felicidade' não existe. Vamos manter a medicação para que esta jovem mulher possa continuar a ser funcional nos contextos em que se move. Mas vamos 'por mãos à obra'. Vamos 'arrumar gavetas' (quem sabe até desarrumar o que está mal arrumado), dar nova interpretações a acontecimentos de vida incompreendidos e até dolorosos, promover a auto-monitorização e delinear e por em pratica formas de comportamento assertivas. Vamos fazer da nossa experiência uma aprendizagem, um exemplo, o trampolim para uma nova fase da vida daquela mulher (e de quem a rodeia). 'É isso que eu quero percebe? Os meus pais não merecem que eu esteja assim!'. Não! Tu não mereces estar assim. Deves querer por ti. Por ti, sempre por ti primeiro!